28.9.10

Afinidade

"A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,

delicado e penetrante dos sentimentos.

É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,

as distâncias, as impossibilidades.

...

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.

Do subjetivo para o objetivo.

Do permanente sobre o passageiro.

Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa

de códigos verbais para se manifestar.

Existia antes do conhecimento, irradia durante

e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.

O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,

sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido

a respeito dos mesmos fatos que impressionam,

comovem ou mobilizam.

É ficar conversando sem trocar palavras.

É receber o que vem do outro com aceitação

anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com. Nem sentir contra,

nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.

...

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.

É olhar e perceber. É mais calar do que falar,

ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.

Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.

Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.

Compreende sem ocupar o lugar do outro.

Aceita para poder questionar.

Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.

...

E para que cada pessoa pudesse e possa ser,

cada vez mais a expressão do outro

sob a forma ampliada do eu individual aprimorado."


(Por Artur da Távola)


E O RESTANTE...

AMA-SE JUSTAMENTE PELO QUE O AMOR TEM DE INDEFINÍVEL!

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