14.9.10

Deixe que haja espaços...

"Um dos meus livros mais estimados é o de Rabindranath Tagore, Akhari Kavita, 'O último Poema'. Ele não é um livro de poesia, e sim um romance, mas um romance muito estranho, muito penetrante.

Uma jovem e um homem e, como costuma acontecer, imediatamente querem se casar. A mulher diz: "Somente com uma condição..." Ela é muito culta, muito sofisticada e rica.

O homem diz: "Qualquer condição é aceitável, mas não posso viver sem você."
Ela diz: "Primeiro ouça a condição, então pense a respeito. Não se trata de uma condição comum. A condição é que não viveremos na mesma casa. Tenho muitas terras, um lindo lago circulado por árvores, jardins e prados. Numa margem do lago farei uma casa pra você, exatamente do lado oposto a minha."

Ele perguntou: "Então, qual é o sentido do casamento?
Ela respondeu: "Assim, o casamento não nos destruirá. Estou lhe dando o seu espaço, eu tenho o meu próprio. De vez em quando, ao caminharmos no jardim, poderemos nos encontrar. De vez em quando, andando de barco no lago, poderemos nos encontrar - acidentalmente. Ou, algumas vezes, posso convidá-lo para tomar chá comigo, ou você pode me convidar."

O homem comentou: "Essa é uma ideia absurda."
A mulher disse: "Então, esqueça o casamento. Essa é a única ideia correta; somente assim nosso amor poderá continuar a crescer, porque sempre permaneceremos frescos e novos. Nunca tomaremos o outro como algo garantido. Tenho todo o direito de recusar sua proposta, como você tem todo o direito de recusar a minha; em nenhuma das maneiras as nossas liberdades serão desrespeitadas. Entre essas duas liberdades cresce o belo fenomeno do amor."

Se isso for possível, ter espaço e ao mesmo tempo convivência, os ventos dos céus dançam entre vocês."

(Por Osho)

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